segunda-feira, 23 de maio de 2011

Cultura acessível a todos



O Centro de Documentação Histórica – Pesquisa II Guerra Mundial (1939/1945) constitui um espaço de memória organizado pela Capitã Altamira Pereira Valadares, enfermeira batataense da Força Expedicionária Brasileira, que se dedicou à coleção de fotografias, documentos, livros e objetos relacionados à história da II Guerra Mundial, para a formação de um local de pesquisa e documentação em Batatais.
O acervo do Centro de Documentação é composto por fardas e documentos dos pracinhas, uniformes de campanha e de gala das enfermeiras, marmitas, cantis, talheres, botas, sapatos, galochas, objetos de primeiros socorros, medalhas, documentos e fotografias das enfermeiras, além de inúmeras fotografias, suvenires, publicações (livros, revistas e jornais) sobre a Segunda Guerra Mundial e a Força Expedicionária Brasileira, além de uma exposição itinerante.
            Todo este material constitui uma fonte de pesquisa extensa e muito detalhada sobre este triste fato histórico mundial, com riqueza de informações contidas nos relatos diários da própria Capitã Altamira e nas inúmeras fotografias, grande parte com identificação.
            Construída com os próprios recursos da Capitã Altamira, a sede definitiva do Centro de Documentação foi inaugurada no dia 06 de Maio de 1994. Em Março de 2004 a Capitã Altamira faleceu, deixando como sua sucessora a sobrinha Ivete Pereira Lavagnoli de Montanha que, em parceria com o poder púbico municipal e o Tiro de Guerra de Batatais, sob a instrução do 1º Sargento Edivo Gomes da Silva, iniciou em 2007 as obras de reforma do Centro de Documentação e nova organização museográfica, inaugurada no dia 17 de Maio de 2008.
          



          A ação educativa desenvolvida pelo Centro de Documentação da II Guerra Mundial surgiu após a realização do Fórum de Educação promovido pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura em Julho de 2008, cujo tema principal era a questão da inclusão dos portadores de necessidades especiais na rede pública de ensino.
          Além de freqüentar a sala de aula adaptada para atender a necessidade do aluno especial, sem separá-lo do contato com outros alunos, as atividades extra classe também devem ser adaptadas para não excluir nenhum aluno com qualquer limitação física ou mental.
          Sendo o Centro de Documetação da II Guerra uma instituição cultural parceira da educação, entendemos que podemos trabalhar de forma efetiva na diminuição dos preconceitos, da intolerância e da ignorância em relação à questão da inclusão.


Para tanto, tivemos que encontrar um caminho próprio para contribuir com a educação, e estabelecer novos parâmetros na divulgação de nosso acervo sobre a participação dos batataenses na II Guerra Mundial, implementando processos expositivos que exploram os sentidos e incentivam a integração entre os diferentes.
       Nesta exposição, o público pode conhecer detalhes sobre as aventuras, vitórias e dificuldades pelas quais os brasileiros passaram no roteiro desenvolvido pela FEB (Força Expedicionária Brasileira) em solo italiano durante a II Guerra. 


O princípio básico de nossa ação educativa é a experiência direta com os objetos juntamente com a utilização de recursos sonoros, olfativos e táteis, para se chegar à compreensão e valorização da história, num processo contínuo de descoberta.
A todos os visitantes foi oferecida a oportunidade de se fazer o percurso com vendas nos olhos, acompanhando a demarcação de uma corda no chão. O alto relevo proporcionado pela corda devidamente pregada ao chão com fita adesiva larga e transparente, facilita o uso de bengalas ou do próprio tato do pé na identificação do caminho a ser realizado. Um tapete emborrachado (utilizado em chuveiro) foi fixado ao chão para demarcar os trechos de parada.



O primeiro ponto de parada corresponde ao primeiro dia dos brasileiros na Itália, quando os mesmos dormiram ao relento em um bosque localizado próximo ao vulcão. Neste trecho há a utilização de folhagens e odores artificiais de eucalipto para contextualizar a mata e os visitantes podem manusear os utensílios utilizados para alimentação dos soldados, percebendo a diferença entre as marmitas produzidas no Brasil e nos EUA. 



Continuando o trajeto, o próximo ponto de parada possui uma escultura em papel machê da capitã Altamira com as medidas verdadeiras e objetos utilizados pela mesma durante a guerra, que também podem ser manuseados. A escultura da capitã foi feita por um casal de artistas plásticos (Débora de Paula e Júnior Vasconcellos) em 2007. 


Todos os objetos da exposição estão com etiqueta em português e etiqueta em Braille.
O trajeto também é contextualizado com uma trilha sonora, criada pelo técnico Luciano sendo em um primeiro momento uma música que representa a longa viagem de navio até a Itália. Em alguns momentos a trilha é interrompida por tiros e disparos diversificados, se intensificando com outra música simbolizando a tensão das batalhas.
Quando o visitante chega à terceira parte do roteiro, ele pode tatear algumas representações em relevo de monumentos italianos feitos com EVA, cola com relevo e areia colorida. 



          Uma sociedade que não se reconhece está fadada à perda de sua identidade e ao enfraquecimento de seus valores mais intrínsecos.
Diante desta realidade, apresentamos a proposta de uma ação educacional voltada para o uso e apropriação dos bens culturais disponíveis no Centro de Documentação, alertando ao público sobre a importância da preservação de sua memória e valorização da identidade tanto da cidade quanto do país.
Outra oportunidade de aprendizado através do tato está na 4ª parte da exposição em que o visitante pode tatear uma maquete representativa do roteiro da FEB na Itália, e sentir a umidade do mar (gel de cabelo), o relevo dos Montes Apeninos (gesso) a localização do cemitério de Pistóia e os pontos de vitória dos brasileiros. 





Um resumo sobre a história da II Guerra está exposto em 7 banners que foram traduzidos para o Braille.
Quando o visitante está nesta etapa, geralmente a trilha sonora já está tocando a “Tarantela” simbolizando a felicidade pelo final da guerra.

A 5ª parte da exposição é uma maquete em EVA representativa de uma foto do Cemitério de Pistóia, onde os brasileiros mortos em combate ficaram enterrados até 1960.
Por fim, o visitante chega ao início novamente do roteiro estabelecido pela corda, só que do outro lado  da mesa com os objetos que representam a chegada dos brasileiros há uma parede com a foto dos seis batataenses dos 33 que foram para a II Guerra, que estão vivos e as três medalhas 





Parceiros: Secretaria Municipal de Educação e Cultura (fornecimento de material para a confecção das maquetes e dos convites, além da compra da corda de identificação do trajeto)
Escola Municipal de Ensino Fundamental Prof.ª Alzira Acra, que disponibilizou os trabalhos da professora Márcia Bonfá na transcrição de todas as etiquetas e informações em Braille e levou seus alunos deficientes visuais para uma visita monitorada ao Centro de Documentação.
Professora Márcia Bonfá que deu as dicas de como adaptar o espaço para a circulação do deficiente visual, com a utilização de cordas e tapetes emborrachados.
Produtor de mídia Luciano Caneli que elaborou a trilha sonora da exposição.
Tiro de Guerra de Batatais 02-047 na aquisição de tintas para a confecção da maquete do roteiro da FEB.


Objetivos do Projeto/Ação:
Geral:
·          Permitir a interação dos visitantes com o espaço e os objetos em exposição, através de um roteiro pré-determinado.
·          Possibilitar o contato com a escrita em braile para todos os presentes.
·          Conscientizar o público sobre a importância de se pensar e preparar os espaços com acessibilidade para todos os tipos de pessoas.
·          Ampliar a percepção da exposição com a utilização do tato, audição e olfato.
·          Contribuir para o aprendizado da temática da II Guerra em parceria com as turmas que estudam este assunto a partir do 3º bimestre (8ª série e turmas colegiais)
Específicos:
·          A ação educativa intitulada “Um Novo Contato com a Itália” tem como principal objetivo possibilitar o acesso do deficiente visual a uma exposição sobre a II Guerra Mundial.
·          Democratizar o Centro de Documentação.


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