segunda-feira, 9 de maio de 2011

O Diário: Anne Frank e Eu




O presente projeto de ação educativa surgiu após a leitura do instigante diário escrito por Anne Frank, uma garota de treze anos que não temia em dizer a verdade sobre a sua vida, sentimentos, família, relacionamentos e também sobre as atrocidades sofridas pelos judeus durante a II Guerra Mundial.
        Anne Frank, sua família e mais quatro pessoas (todos judeus), ficaram escondidos dos alemães durante 25 meses, em um local por eles denominado de Anexo Secreto. Anne tinha no diário o seu único confidente, e após escutar no rádio que quando terminada a guerra, os diários e cartas escritos durante esse período deveriam seu preservados e divulgados, ela com quinze anos passou a reescrevê-lo com mais informações, tentando realmente registrar todas as impressões que tinha sobre a condição humana durante a II Guerra.
     Sustentada por sua cordialidade, espírito, inteligência e pelos grandes recursos de sua vida interior, Anne escreveu e pensou sobre as coisas que pensam os adolescentes sensíveis e talentosos – relação com os pais, crescente consciência de si mesmos, problemas da transição para a vida adulta. (ELEANOR ROOSEVELT, 1958)

         Nada mais oportuno do que promover a leitura desse diário por meninas adolescentes, e a partir desta experiência proporcionarmos a elaboração de uma exposição em comemoração aos 64 anos do término da II Guerra, em 8 de maio de 2009.
         A Ação Educativa intitulada O Diário: Anne Frank e Eu é uma proposta de uso e apropriação da história da II Guerra Mundial, com ênfase na questão do Holocausto, sob o ponto de vista das adolescentes participantes do projeto.



  
Alunas folheando diários escritos na década de 1990


OBJETIVOS GERAIS:
         - Sendo o Centro de Documentação da II Guerra uma instituição cultural voltada para a integração com a população, para assim cumprir o seu principal papel como agente transformador da sociedade, entendemos que podemos trabalhar de forma efetiva na diminuição dos preconceitos e da intolerância entre as pessoas.
        - divulgação do Centro de Documentação como um espaço de memória, conhecimento e lazer.
        - utilização da exposição como um recurso didático para a rede escolar ao se estudar a II Guerra Mundial
        - proporcionar reflexões sobre o que pode ser considerado o holocausto de nossos dias.
O processo educativo, em qualquer área de ensino/aprendizagem, tem como objetivo levar os alunos a utilizarem suas capacidades intelectuais para a aquisição de conceitos e habilidades, assim como para o uso desses conceitos e habilidades na prática, em sua vida diária e no próprio processo educacional. A aquisição é reforçada pelo uso dos conceitos e habilidades, e o uso leva à aquisição de novas habilidades e conceitos. (Maria de Lourdes Parreiras Horta)

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
        - desenvolvimento do auto-conhecimento das adolescentes e da consciência sobre a importância da tolerância mútua, para que barbaridades como as da II Guerra não voltem a ocorrer.
        - utilizar a ação educativa e a exposição como instrumentos de motivação, individual e coletiva, para a prática da cidadania e o estabelecimento de um diálogo enriquecedor entre as gerações.
     
SOBRE A AÇÃO EDUCATIVA:
         O princípio básico do projeto é a experiência direta com o diário de Anne Frank e a troca de experiências entre as adolescentes para se chegar à compreensão do que foi o holocausto, num processo contínuo de descoberta.
        Em um segundo momento do projeto, todas as discussões e produções realizadas durante os encontros ficarão em exposição para uma divulgação maior desses conceitos para toda a comunidade.
O conhecimento crítico e a apropriação consciente por parte das comunidades e indivíduos do seu “patrimônio” são fatores indispensáveis no processo de preservação sustentável desses bens, assim como no fortalecimento dos sentimentos de identidade e cidadania. (Maria de Lourdes Parreiras Horta)



1º ENCONTRO – DIA 06 DE ABRIL
         Apresentação do projeto para as 15 adolescentes selecionadas pelos professores de Língua Portuguesa da Escola Municipal Prof.ª Esther Vianna de Bologna, dando prioridade àquelas que se interessam por literatura.
        Entrega do Kit da Ação Educativa: o livro, uma boneca e um caderno.
        A boneca deve ser levada para casa e ser personalizada pela adolescente. Suas roupas, pele, cabelo e acessórios serão formados no decorrer da leitura do livro, de acordo com as impressões que a adolescente deseje passar sobre a personagem Anne Frank.
        O caderno será usado como diário da adolescente, para que a mesma faça suas anotações, comentários e impressões sobre o conteúdo do diário de Anne Frank, assim como também possíveis relações com sua vida pessoal. Para isso a adolescente deve criar pseudônimos tanto para ela quanto para os demais nomes que possam aparecer em seu diário, garantindo assim a sua privacidade e o respeito com os outros. Os cadernos devem ser personalizados desde as capas como em todo conteúdo que for escrito ou desenhado em seu interior.


Diário escrito na década de 1990

ORIENTAÇÕES GERAIS:
        - SOBRE ANNE FRANK: Anne Frank nasceu em 1929, na Alemanha, filha de um banqueiro e de uma dona de casa. Aos 4 anos de idade, Anne foi obrigada a sair do país com sua família após a chegada de Adolph Hitler ao poder. Em 1942, com a perseguição aos judeus deflagrada também na Holanda, Otto Frank, sua mulher e filhas unem-se a mais quatro pessoas e decidem se esconder dos invasores alemães. Por dois anos, até serem delatados, eles tiveram que viver limitados ao anexo do sótão do escritório de Otto Frank. No esconderijo, o diário de Anne era o único instrumento de liberdade que ela possuía, e, nele, relatou a vida cotidiana do anexo Secreto, as transformações sofridas por cada um dos que ali residiam e a angústia daqueles dias. Anne Frank morreu de tifo, no campo de concentração Bergen-Belsen, aos 15 anos de idade.
        - SOBRE A PERSEGUIÇÃO AOS JUDEUS:
Depois de maio de 1940, os bons momentos foram poucos e muito espaçados: primeiro veio a guerra, depois, a capitulação, em seguida, a chegada dos alemães, e foi então que começaram os sofrimentos dos judeus. Nossa liberdade foi gravemente restringida com uma série de decretos anti-semitas: os judeus deveriam usar uma estrela amarela; os judeus eram proibidos de andar nos bondes; os judeus; os judeus eram proibidos de andar de carro, mesmo em seus próprios carros; os judeus deveriam fazer suas compras entre três e cinco horas da tarde; os judeus só deveriam freqüentar barbearias e salões de beleza de proprietários judeus; os judeus eram proibidos de sair às ruas entre oito da noite e seis da manhã; os judeus eram proibidos de freqüentar teatros, cinemas ou ter qualquer outra forma de diversão;(...)

- Pesquisar no dicionário todas as palavras desconhecidas para entender o seu significado.
        - Possíveis comparações que podem ser feitas: descrição dos amigos de sala, os presentes que Anne ganhou no aniversário, a ausência de um amigo em que se possa confiar, membros da família, ambiente escolar, paixões de adolescentes, etc.
        - Realizar uma ficha com as características físicas e de personalidade de cada integrante do Anexo Secreto.
        - Pedir a cada integrante que comece a guardar potes de vidros variados que possam ser pintados para montagem da exposição.

MATERIAL DO PRIMEIRO ENCONTRO:
“O papel tem mais paciência do que as pessoas”
- diários pessoais de uma adolescente, escritos durante as décadas de 1980 e 1990 para que as participantes tenham uma idéia do que seja um diário e como ele  pode ser formado, com figuras, desenhos e anotações.


Kit para intervenção



Fiquei alguns dias sem escrever porque queria, antes de tudo, pensar sobre meu diário. Ter um diário é uma experiência realmente estranha para uma pessoa como eu. Não somente porque nunca escrevi nada antes, mas também porque acho que mais tarde ninguém se interessará, nem mesmo eu, pelos pensamentos de uma garota de 13 anos. Bom, não faz mal. Tenho vontade de escrever e uma necessidade ainda maior de desabafar tudo o que está preso em meu peito. (ANNE FRANK, 20 de junho de 1942)

ATIVIDADE DO 1º ENCONTRO:
        Desenhar a colega com o auxílio do vidro para o registro do primeiro dia da ação educativa e dos semblantes das participantes.(olho no olho)
         Entrega do Kit, do livro e explicações sobre o projeto.



2º ENCONTRO – DIA 13 DE ABRIL
        Leitura de alguns trechos selecionados do diário e debate sobre os personagens.
        Auxílio na elaboração dos diários e sobre as bonecas.
        Assistir ao filme sobre a II Guerra.

3º ENCONTRO – DIA 17 DE ABRIL
         Leitura de alguns trechos selecionados do diário.
        Confecção da mandaluz (mandalas pintadas em vidro que formam o desenho circular com o auxílio de velas).

Mandala é a palavra sânscrita que significa círculo, uma representação geométrica da dinâmica relação entre o homem e o cosmo. De fato, toda mandala é a exposição plástica e visual do retorno à unidade pela delimitação de um espaço sagrado e atualização de um tempo divino.
Nas sociedades primitivas, o ciclo cósmico, que tinha a imagem de uma trajetória circular (circunferência), era identificado como o ano. O simbolismo da santidade e eternidade do templo aparece claramente na estrutura mandálica dos santuários de todas as épocas e civilizações. Uma vez que o plano arquitetônico do templo é obra dos deuses e se encontra no centro muito próximo deles, esse lugar sagrado está livre de toda corrupção terrestre. Daí a associação dos templos às montanhas cósmicas e a função que elas exercem de ligação entre a Terra e o Céu. Como exemplo, temos a enorme construção do templo de Borobudur, em Java, na Indonésia. Outros exemplos que podemos citar são as basílicas e catedrais cristãs da Igreja primitiva, concebidas como imitação da de Jerusalém Celeste, representando uma imagem ordenada do cosmos, do mundo.
A mandala como simbolismo do centro do mundo dá forma não apenas as cidades, aos templos e aos palácios reais, mas também a mais modesta habitação humana. A morada das populações primitivas é comumente edificada a partir de um poste central e coloca seus habitantes em contato com os três níveis da existência: inferior, médio e superior. A habitação para ele não é apenas um abrigo, mas a criação do mundo que ele, imitando os gestos divinos, deve manter e renovar. Assim, a mandala representa para o homem o seu abrigo interior onde se permite um reencontro com Deus. Um exemplo bem típico brasileiro de mandala, a partir da arquitetura, é a planta superior da Catedral de Brasília.
Em termos de artes plásticas, a mandala apresenta sempre grande profusão de cores e representa um objeto ou figura que ajuda na concentração para se atingir outros níveis de contemplação. Há toda uma simbologia envolvida e uma grande variedade de desenhos de acordo com a origem.
 Originalmente criadas em giz, as mandalas são um espaço sagrado de meditação. Atualmente são feitas com areia originárias da Índia. Normalmente divididas em quatro secções, pretende ser um exercício de meditação e contemplação. O objetivo da arte na cultura budista tibetana é reforçar as Quatro Nobres Verdades. As mandalas são consideradas importantíssimas para a preparação de iniciadores ao Budismo, de forma a prepará-los para o estudo do significado da iluminação.
O processo de construção de uma mandala é uma forma de meditação constante. É um processo bastante lento, com movimentos meticulosos. O grande benefício para os que meditam a partir da mandala reside no fato de que a imaginaram mentalmente construída numa detalhada estrutura tridimensional.
No processo da construção de uma madala, a arte transforma-se numa cerimônia religiosa e a religião transforma-se em arte. Quando a mandala está terminada, apresenta-se como uma construção extremamente coloria. Depois do ciclo é desmanchada, a areia é depositada, geralmente, na água. Apenas uma parte é guardada e oferecida aos participantes.
Um monge inicia a destruição desenhando linhas circulares com seu dedo, depois espalham a areia e a colocam em uma urna. Quando a areia é toda recolhida, eles apagam as linhas que serviram de guia à construção e despejam a areia nas águas do rio.

4º ENCONTRO – DIA 24 DE ABRIL
        Assistir ao filme “A lista de Schindler”

5º ENCONTRO – DIA 27 DE ABRIL
         Leitura de alguns trechos selecionados do diário.

6º ENCONTRO – DIA 04 DE MAIO
        Montagem da exposição do Centro de Documentação da II Guerra.
                         Croqui de setorização


EXPOSIÇÃO Abertura no dia 08 de maio de 2009

Setor Anne Frank: 15 Bonecas personalizadas pelas adolescentes que participaram da ação educativa, juntamente com os trechos mais interessantes do diário sobre a personagem Anne Frank, também selecionados pelas adolescentes.

Setor dos diários: 16 diários (1 diário da coordenadora da ação educativa e 15 diários das adolescentes) com anotações, dilemas e confidências relatadas durante a leitura do diário e realização dos encontros.

                                    Leitura dos diários escritos pelas alunas



Setor dos diários: 16 diários (1 diário da coordenadora da ação educativa e 15 diários das adolescentes) com anotações, dilemas e confidências relatadas durante a leitura do diário e realização dos encontros.


“Até agora você tem sido um grande apoio para mim, como também tem sido Kitty, para quem tenho escrito com regularidade. Esse modo de manter um diálogo é bem melhor, e agora, mal posso esperar os momentos de escrever em você.
Ah, estou tão feliz por ter você comigo!
Anne Frank, 28 de setembro de 1942.


Setor Naquela Mesa: Oito cadeiras em volta de uma mesa cada uma representando um dos personagens do esconderijo secreto. Sobre a mesa objetos e utensílios que caracterizam cada um como copos, xícaras, óculos, estrelas amarelas de seis pontas.(legenda em português e braille)



Setor janelas proibidas:
         “Desde o primeiro dia, começamos imediatamente a costurar cortinas. Na verdade, mal dá para chamá-las de cortinas, já que não passam de retalhos de pano – variando grandemente em forma, qualidade e padrão – que papai e eu costuramos de qualquer jeito, com dedos desacostumados. Aquelas obras de arte foram colocadas nas janelas, onde vão ficar até que possamos sair do esconderijo...Claro que não podemos olhar pela janela nem sair... (ANNE FRANK, 11 de julho de 1942).


EM 2010, ESTA EXPOSIÇÃO SE TORNOU ITINERANTE.
aguardem!

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