Mês dos Museus
De 02 a 27 de Maio de 2011
“Museu e Memória”
1- Apresentação
No dia 18 de maio, comemoramos o Dia Internacional dos Museus, data instituída pelo ICOM (Conselho Internacional de Museus) em 1977, com a intenção de promover a conscientização da população sobre a importância dos museus no desenvolvimento social.
Também sobre a coordenação do ICOM, a cada ano os museus recebem uma proposta de temática para ser trabalhada, sendo que em 2011 o tema será “Museus e Memória”.
Acreditamos que este tema seja de fácil compreensão, uma vez que o museu é criado com a intenção de guardar e divulgar os fatos do passado. Porém, o desafio está em como tornar um tema simples em um projeto interessante que atraia a população.
E foi priorizando o desafio de realizar algo inovador, que elaboramos este projeto de ação educativa voltado para o contato com objetos que geram memórias e histórias.
O projeto é realizado nas dependências da Estação Cultura Editor José Olympio, mais precisamente na área livre aos fundos e no Museu Histórico e Pedagógico Dr. Washington Luis, de 02 a 27 de maio, no período da manhã e à tarde, atendendo a um grupo de no máximo 50 pessoas em cada etapa com duração de 2h e 30 minutos.
Dentre as atividades previstas estão as oficinas de escavações arqueológicas no terreno aos fundos da estação, contadores de histórias e encenação teatral, tendo como público alvo os estudantes do ensino fundamental e médio.
2- Justificativa
O presente projeto faz parte da 11ª edição da Semana dos Museus, organizada pelo Ministério da Cultura em parceria com instituições museais de todo o país.
Desde 2008, o Museu Histórico e Pedagógico Dr. Washington Luis participa da programação, com atividades diversificadas de acordo com o tema proposto, atendendo a uma média de 1.500 crianças e adolescentes em cada edição.
As atividades propostas para 2011 visam provocar um maior questionamento sobre os objetos antigos e as possibilidades de aprendizado que os mesmos proporcionam.
Neste contexto se insere a ação educativa de “Escavações Arqueológicas”, em que iremos criar um campo arqueológico nos fundos da Estação Cultura, para que o público participante tenha a oportunidade de realizar a busca por pequenos objetos enterrados nesta área.
Após encontrar os objetos, os mesmos devem ser separados por categorias nas mesas de trabalho, identificados e estudados a fim de se retirar informações no próprio objeto e em seu contexto, sendo o objeto o único portador das informações através da observação de seu material, cor, funcionalidade, estado de conservação e demais informações.
A segunda etapa da ação educativa será a apresentação baseada no livro de Ana Maria Machado “Bisa Bia, Bisa Bel”,em que um personagem irá resgatar as histórias de seus antepassados através dos objetos encontrados na escavação.
Por fim, na terceira etapa o publico participante irá conhecer o acervo do Museu e a importância da guarda desses objetos para a história de Batatais.
A sequencia das atividades tem a intenção de fazer com que o participante sinta a necessidade de conhecer a história dos objetos encontrados aleatoriamente no terreno preparado para escavação e depois faça a relação com a riqueza de informações que podemos obter dos objetos antigos nas narrativas. A visita ao acervo do Museu, comprova a importância da preservação de objetos que nos ajudam a contar a história de uma localidade e a manter esta memória viva.
Esta ação educativa foi pensada com o ojetivo de provocar a participação do público, atribuindo a ele experiência de ser o responsável pela proteção dos achados arqueológicos.
3- Objetivos
O principal impacto que este projeto pretende causar é a mudança de atuação do público diante de um objeto antigo.
Ao escavar a área preparada para a pesquisa arqueológica, os alunos serão responsáveis pelas descobertas e pelas investigações provenientes da terra, cabendo a eles a tarefa de cuidar dos achados e tentar relacioná-los.
As peças enterradas serão organizadas e disponibilizadas de forma contar a história de uma família fictícia que viveu no século XIX: instrumentos de cozinha, pedaços de louças, caixinhas com retratos, moedas antigas, candeia, pedaços de pisos e telhas, caixinha com cartas, pequenos broches, prendedores de cabelo e demais objetos relacionados ao cotidiano de uma família.
O projeto é inovador em Batatais e muito envolvente, garantindo a participação de todos nas três etapas.
4- Público Alvo
Como projeto anual, estamos habituados a atender ao público estudantil do 5º ano do Ensino Fundamental, tanto da rede pública quanto da particular.
Pretendemos manter esta faixa etária, para que a cada ano tenhamos este público participando de uma ação educativa no museu.
Na faixa etária de nove a onze anos, as crianças estão aptas e interessadas em conhecer as histórias de outros tempos, conseguindo fazer relações com os dias atuais.
Como nos eventos anteriores, nossa meta de público está entre 1.000 e 1.500 crianças.
5- RESULTADOS PREVISTOS
- Trabalho em equipe na busca pelos objetos enterrados
- Desenvolvimento da investigação com a ajuda dos demais objetos
- Seleção dos objetos em categorias
- Participação na ação educativa com responsabilidade
- Compreensão sobre o papel do museu como espaço de memória
Texto adaptado do livro “Guilherme Augusto Fernandes” de Mem Fox
Era uma vez um menino chamado Guilherme Augusto Araújo Fernandes e ele nem era tão velho assim. Sua casa era ao lado de um asilo de velhos e ele conhecia todo mundo que vivia lá.
Ele gostava da Senhora Silvano que tocava piano.
Ele ouvia as histórias arrepiantes que lhe contava o Senhor Cervantes.
Ele brincava com o Senhor Valdemar que adorava remar.
Ajudava a Senhora Mandala que andava de bengala.
E admirava o Senhor Possante que tinha voz de gigante.
Mas a pessoa de quem ele mais gostava era a Senhora Antônia Maria Diniz Cordeiro, porque ela também tinha quatro nomes, como ele.
Ele a chamava de Dona Antônia e contava-lhe todos os seus segredos.
Um dia, Guilherme Augusto escutou sua mãe e seu pai conversando sobre Dona Antônia.
_ Coitada da velhinha – disse sua mãe.
_ Por que ela é coitada? – perguntou Guilherme Augusto.
_ Porque ela perdeu a memória – respondeu seu pai.
_ Também, não é para menos – disse sua mãe. – Afinal, ela já tem noventa e seis anos.
_ O que é memória? – perguntou Guilherme Augusto.
Ele vivia fazendo perguntas.
_ É algo de que você se lembre – respondeu o pai.
Mas Guilherme queria saber mais, então, ele procurou a Sra. Silvano que tocava piano.
_ O que é memória? – perguntou.
_ Algo quente, meu filho, algo quente.
Ele procurou o Sr. Cervantes que lhe contava histórias arrepiantes.
_ O que é memória? – perguntou.
_ Algo bem antigo, meu caro, bem antigo.
Ele procurou o Sr. Possante que tinha voz de gigante.
_ O que é memória? – perguntou.
_ Algo que vale ouro, meu jovem, algo que vale ouro.
Então, Guilherme Augusto voltou para casa para procurar memórias para Dona Antônia, já que ela tinha perdido as suas.
Ele procurou uma antiga caixa de sapato cheia de conchas, guardadas há muito tempo, e colocou-as com muito cuidado numa cesta. Ele achou a marionete, que sempre fizera todo mundo rir, e colocou-a na cesta também. Ele lembrou-se, com tristeza, da medalha que seu avô lhe tinha dado e colocou-a delicadamente ao lado das conchas.
Depois achou a bola de futebol, que para ele valia ouro; por fim, entrou no galinheiro e pegou um ovinho fresquinho, ainda quente, debaixo da galinha.
Aí, Guilherme Augusto foi visitar Dona Antônia e deu a ela, uma por uma, cada coisa de sua cesta.
“Que criança adorável que me traz essas coisa maravilhosas?”, pensou Dona Antônia.
E então ela começou a se lembrar...
Ela segurou o ovo ainda quente e contou a Guilherme Augusto sobre um ovinho azul, todo pintado, que havia encontrado uma vez, dentro de um ninho, no jarim da casa de sua tia.
Ela encostou uma das conchas no ouvido e lembrou da vez que tinha ido à praia de bonde, há muito tempo, e de como sentira calor com as botas de amarrar.
Ela pegou a medalha e lembrou, com tristeza, de seu irmão mais velho, que havia ido para a guerra e que nunca mais voltou.
Ela sorriu para a marionete e lembrou da vez em que mostrara uma para sua irmãzinha, que rira às gargalhadas com a boca cheia de mingau.
Ela jogou a bola de futebol para Guilherme e lembrou do dia em que se conheceram e de todos os segredos que haviam compartilhado.
E os dois sorriram e sorriram, pois toda a memória perdida de Dona Antônia tinha sido encontrada, por um menino que não era tão velho assim.
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