sábado, 10 de outubro de 2015

Incêndio destrói prédio do antigo Hotel Comércio, em Santo Ângelo.

TRABALHO DE TÉCNICAS RETROSPECTIVAS

Breno Teixeira



Incêndio destrói prédio do antigo Hotel Comércio, em Santo Ângelo
Um incêndio se rompeu no início da tarde desta quinta-feira (03), em Santo Ângelo, quando o prédio do antigo Hotel Comércio foi atingido pelo fogo. O prédio histórico está localizado na Avenida Brasil entre as quadras da Avenida Venâncio Aires e marechal Floriano, ao lado da Praça do Brique.
Imediatamente viaturas e caminhões da Guarnição do Corpo de Bombeiros, Brigada Militar se deslocaram para o local do incêndio.


A movimentação é intensa no local, principalmente de empresários com lojas localizadas ao lado do prédio sinistrado. Os donos das empresas e funcionários tentavam salvar o que podiam.
Análise Patológica
            É evidente que a causa principal das patologias que serão identificadas a seguir foio incêndio, que atingiu principalmente o telhado, mas também teve pequenos focos em cômodos interiores. Uma patologia que surgiu devido às chamas seria na estrutura do telhado, com o fogo, parte da estrutura de madeira cedeu e com isso as telhas caíram comprometendo toda a estrutura da cobertura. Outra patologia presente após o incêndio seria na pintura das paredes, que com o calor e o fogo, a tinta ficou destruída e manchada, também afetou o piso, deixando-o queimado, empenado e precisando de reparos.
            Mas analisando as fotos da fachada, nota-se que o estado de conservação já era precário mesmo antes do incêndio. Percebem-se patologias na pintura da fachada, como descascamentos, buracos na pintura onde a parede aparece crua e manchas escuras. O madeiramento das portas e janelas também apresentam problemas de pintura descascando, além de madeiras empinadas e quebradas e também vidros quebrados. Os detalhes em gesso que foram feitos em cima das portas, janelas e na parte superior, também apresentam patologias, faltando alguns pedaços que quebraram, pintura descascando e manchas.

Soluções
            Primeiramente deve-se analisar até que ponto a estrutura foi comprometida no prédio todo, pois o fogo pode ter danificado os pilares e vigas. Após conseguir um diagnóstico do dano total à estrutura, devem-se fazer os reparos e reforços necessários para que se tenha segurança. Depois o telhado deve ser refeito do zero devido as grandes extensões dos danos causados pelo incêndio, buscando usar materiais idênticos ou réplicas, tanto no madeiramento, quanto nas telhas, para que o edifício não perca sua identidade histórica. As paredes devem ser repintadas após analise da cor e tipo que foi utilizado originalmente, buscando chegar o mais próximo possível do original. O piso deve passar pelo mesmo processo de substituição do danificado por um novo que respeite o original.
            Na fachada do edifício, as patologias também devem ser restauradas. A pintura deve ser retirada e ser pintado novamente, com a mesma cor e tipo da pintura original. O mesmo vale para os detalhes de gesso que estão deteriorados, deve-se reparar as partes que estão quebradas, mantendo o estilo uniforme, com todos os detalhes, ser pintado novamente com a mesma cor original. As portas e janelas devem ter um tratamento de reparação, desempenando e substituindo as madeiras, repintura com cor original e substituir os vidros quebrados.

Fonte: http://radiocidadesa.com.br/index.php?module=news&action=detail&id=3981



JUIZ DE FORA (MG) - DEGRADAÇÃO POR TRÁS DE TELAS.

TRABALHO DE TÉCNICAS RETROSPECTIVAS

JUIZ DE FORA (MG) - DEGRADAÇÃO POR TRÁS DE TELAS.



Do lado de dentro, as pinturas de Angelo Bigi fazem lembrar o início do século XX, época em que a Associação Comercial passou a fazer parte do conjunto arquitetônico da Praça da Estação. Na parte externa, as condições da fachada põem em risco quem passa pela calçada. Inaugurado em 1915, o prédio que abriga a instituição vira mais um ano sem ser restaurado. Para impedir que partes de reboco caiam no pedestre, há cerca de oito meses, tapumes cobrem a frente do edifício. Questionado sobre a reforma, já que o bem é tombado como patrimônio municipal desde 1998, o vice-presidente da Associação Comercial, Aloísio Vasconcelos, que assume o cargo de presidente em janeiro, diz que as obras da parte externaorçadas em R$ 170 mil, devem ser executadas ainda no primeiro semestre de 2014.
Os recursos, segundo ele, serão captados via Lei Rouanet.
A última grande reforma, de acordo com Vasconcelos, ocorreu entre 1999 e
2001. Em pouco mais de dez anos, o imóvel apresenta pintura danificada, parte do
forro da sede histórica descolando, estrutura da janela deteriorada, tijolos aparentes
e infiltrações. Obras do pintor italiano também apresentam manchas e rachaduras.
“As edificações antigas requerem um cuidado a mais. Historicamente aquela região
é muito úmida, já foi alagada. Os cômodos com pinturas de Bigi ficavam e acho que
ainda ficam muito fechados. Isso pode contribuir para que o problema se agrave”,
explica a arquiteta responsável pela restauração Fernanda Nogueira, ressaltando
que ainda falta a liberação do alvará de realização das obras. “A reforma externa foi
aprovada em 2012. Como, neste tempo, houve mais estragos na fachada, o mapa
de danos aumentou, e tivemos que refazê-lo”, diz Fernanda.
Para resgatar as características da época em que o prédio foi erguido,
Fernanda disse que será feito um trabalho de prospecção. “É como se fosse um
recorte na parede com vários planos. A ideia é achar a pintura original. Parece que,
na outra restauração, não conseguiram definir qual era. Queremos manter todo o
visual.” Conforme Vasconcelos, o projeto de captação da verba vai ser feito no início
de 2014, mas, segundo ele, não haverá dificuldade para levantar as empresas que
financiarão os trabalhos. Há também a expectativa de usar a lei de transferência de
potencial construtivo do local.
Legado de Angelo Bigi ameaçado


A demolição, em 2009, de uma parede com pintura decorativa atribuída a
Angelo Bigi continua sendo motivo de discussão entre a direção da Associação
Comercial e o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural de Juiz de
Fora (Comppac), que ainda não aprovou o projeto de restauração da parte interna
do prédio. De acordo com Vasconcelos, a intenção era ligar os vários departamentos
da instituição ao museu do comércio, que seria aberto no local. Depois de ir abaixo,
a parede foi reerguida a pedido do Comppac, porém, em branco. Em matéria
publicada na Tribuna em julho de 2012, o atual presidente da Associação Comercial
Cláudio Horta garantiu que ela seria refeita de acordo com as orientações. Umaação contra a Associação ainda corre no Ministério Público. Conforme Fernanda, essa seria a causa de o Comppac ainda não ter aprovado o projeto de reforma do interior do imóvel. “O projeto foi feito há cerca de três anos, mas há uma discordância entre a Associação e o Comppac. O documento prevê a pintura de todo o espaço. Na época, só autorizaram uma reforma emergencial no telhado, porque os vazamentos estavam degradando a obra de Bigi”, comenta a arquiteta.” Aqui dentro, pouca intervenção precisa ser feita. A necessidade maior está do lado de fora, mas, nestes anos, fizemos alguma manutenção internamente”, defende Vasconcelos. Devido à falta de conservação, a Associação Comercial perdeu, em 2010, a isenção de IPTU, que é garantida aos bens tombados. “Existe muito pouco incentivo para este tipo de imóvel. As políticas públicas criam uma série de dificuldades”, argumenta Vasconcelos. “A reforma da fachada já poderia ter sido feita, e o prédio poderia estar em outro estado de conservação. Nenhuma legislação municipal e estadual garante apoio de reforma aos imóveis particulares”, observa Toninho Dutra, superintende da Funalfa e presidente do Comppac. História descaracterizada Enquanto os trabalhos não começam, os tapumes escondem parte da memória do município. Na entrada principal da Associação Comercial, o chão coberto por ladrilhos hidráulicos leva a uma escada de madeira que dá acesso ao andar superior, onde está o salão histórico com as pinturas de Angelo Bigi. No local, que tem piso de madeira, lustres e mobiliário originais ainda são mantidos. O acervo é composto por edições do jornal “Gazeta Comercial”, que circulou na cidade no século XX, além de objetos e documentos, como um livro em que Rui Barbosa registra, de próprio punho, que o município era a “Barcelona Mineira.” Anos depois de erguido, o conjunto sofreu algumas intervenções. Ganhou um anexo, e parte da construção original foi descaracterizada. Neste mesmo espaço, os ladrilhos do século XX deram lugar a ardósias. Paredes foram construídas e outras, demolidas. “Foi para atender uma necessidade da diretoria na época, mas a intenção sempre foi manter as características originais”, enfatiza Vasconcelos. Por Marisa Loures. Fonte: Tribuna de Minas



Propostas de soluções aos danos
Quando na fachada há presença de deslocamento de peças do revestimento, terá que ser feito em uma primeira fase a remoção do local afetado que não apresenta boa aderência que suporte, através de corte de esquadria, delimitando preferencialmente áreas retangulares, depois repor um revestimento idêntico ao existente. Recomenda-se trocar todas as telhas, antes de colocar as novas, é necessário executar uma impermeabilização através de uma manta térmica, um item importante com propriedades de isolamento térmico, acústico e impermeabilizante. As paredes que estão com patologia, devem ser raspadas até que se encontre uma superfície sã. Após esse processo é necessário retocar o reboco e a parede deve ser repintada. 


Reportagem: Chalé Tavares Cardoso

TRABALHO DE TÉCNICAS RETROSPECTIVAS
Aline Cristina Cintra

Ano: 2013.

Reportagem. G1

Denúncia do descaso com o Chalé Tavares Cardoso em Icoaraci (De um dos moradores da cidade, e apreciador da construção histórica)
Senhor Presidente,
Senhores Deputados,
Senhoras Deputadas,
Utilizo essa tribuna para denunciar mais um descaso com o patrimônio histórico de nossa linda capital, Belém. Não bastasse o abandono dos prédios que integram nosso conjunto arquitetônico, no centro da cidade, e a tentativa de construção de um shopping em plena área histórica, agora estamos tendo que assistir ao prédio do Chalé Tavares Cardoso, em Icoaraci, cair aos pedaços e ser tomado por mato e lama, sem que nada seja feito.
É isso mesmo, o prédio está completamente abandonado e representa parte importante da história de nossa cidade. No último domingo, uma reportagem publicada no jornal Diário do Pará denunciou a situação do Chalé Tavares Cardoso com fotos chocantes, tomado por mato e lama e com ameaças visíveis de desabamento, em função da fragilidade demonstrada em sua estrutura.
Há rachaduras nas paredes, nos corrimões de escadas, a cobertura, que havia sido recuperada em abril deste ano, já demonstra problemas, com goteiras e rachaduras. Há sinais de alagamentos até mesmo dentro do prédio, vidraças quebradas e mal conservadas, enfim, problemas comuns em casos de abandono como o que está sendo registrado naquela belíssima obra da arquitetura.
Concebido em arquitetura eclética, influenciada, principalmente, pelo neoclassicismo francês, o Chalé Tavares Cardoso foi construído para servir de casa da Família Tavares Cardoso, que tinha como seu patriarca o livreiro português Eduardo Tavares Cardoso, proprietário da tradicional Livraria Universal, localizada no centro de Belém e que chegou a ter filial em Lisboa. No início do século passado, durante o ciclo da borracha, era comum as famílias de classe alta de Belém construírem nos distritos mais distantes, principalmente aqueles com orla, suas casas de veraneio. Icoaraci e Mosqueiro eram os locais preferidos por estas famílias.
Ocorre que, com o declínio da economia da borracha, muitas famílias entraram em decadência, dentre estas, a Família Tavares Cardoso, que precisou se desfazer do Chalé Tavares Cardoso, vendendo-o para o Governo do Estado, que o transformou em uma Escola Ginasial. E a partir de 1972, o prédio passou a abrigar a então recém criada Biblioteca Pública Municipal Avertano Rocha.
Durante a minha gestão como prefeito de Belém em 2000, a Biblioteca Municipal, após ter passado por três sedes provisórias, pôde, finalmente, retornar ao Chalé Tavares Cardoso, já restaurado, incluindo o paisagismo de sua área externa. Em conseqüência disso, houve o aumento do número de usuários, chegando a mais de mil visitantes/dia. Era notório que a Biblioteca Municipal havia se fortalecido e passava a ser referência de espaço cultural, democrático e dinâmico. Vale ressaltar que o belíssimo prédio, além de biblioteca passou a servir de sede ao Museu de Arte Popular, implantado em minha gestão, sob consultoria da antropóloga Lucia Hussak.
No entanto, a gestão de Duciomar Costa, abandonou não somente o Chalé, mas a Biblioteca Municipal, além de fechar as portas do Museu de Arte Popular, sem preservar as obras do acervo até agora desaparecido. A situação piorou ainda mais quando, diante da situação precária de conservação do prédio, o Prefeito de Belém Zenaldo Coutinho – sem que houvesse um laudo técnico especializado sobre a situação estrutural do prédio – tomou a decisão unilateral de fechar o Chalé Tavares Cardoso e alugar uma casa para que a Biblioteca Municipal seja instalada provisoriamente.
Moradores de Icoaraci, artistas, artesãos e intelectuais – unidos no Movimento Grita Icoaraci – estão organizando um abaixo-assinado pela internet para recolher assinaturas, para sensibilizar o poder público a restaurar o prédio. E precisamos nos unir a essa luta.
Senhores deputados e senhoras deputadas, abandonar um patrimônio histórico púbico como o Chalé Tavares Cardoso é o que se pode classificar, sim, como vandalismo. E nós, como parlamentares eleitos pelo povo desse Estado, não podemos fechar os olhos para mais esse ataque a nossa memória, a nossa história.
Com base no acima exposto, REQUEIRO de acordo com os termos regimentais, que esta casa envie à Prefeitura de Belém pedido de imediatas e eficazes providências a fim de preservar o Chalé Tavares Cardoso, no distrito de Icoaraci, bem como requerer junto ao Governo do Estado sua intervenção no caso, no sentido de impedir a destruição deste patrimônio histórico de valor inestimável ao povo paraense.
REQUEIRO também que seja dado conhecimento do teor integral deste documento ao Movimento Grito Icoaraci, ONG Icoaraci Periferia, Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Ministério Público Estadual (MPE), Fundação Cultural do Município de Belém (FUMBEL) e Secretaria Municipal de Urbanismo 


Concebido em arquitetura eclética, influenciada, principalmente, pelo neoclassicismo francês, o Chalé Tavares Cardoso, um casarão do século XIX, localizado em Icoaraci, distrito de Belém, está parcialmente alagado. No local funciona a Biblioteca Municipal Avertano Rocha, a única do distrito. Sempre que chove, devido a grande quantidade de lixo jogada na área, a situação de alagamento se repete





Fatores deteriorantes
Agentes Físicos: temperatura, umidade, ações do tempo.
Agentes Humanos:Ignorância.
Agentes Naturais: Enchentes

Patologias
Telha: Infiltração em cumeeiras, beirais, alterações das técnicas.
Alvenaria:trincas, fissuras, manchas de infiltrações.
Fatores de Umidade: umidade de precipitação e falta de manutenção
Abaulamento do piso: recalque das estruturas, expansão do subsolo


Proposta de Solução


·         Troca das telhas antigas por novas, com formatos adequados e caimento ideal, melhorar a estrutura.
·         Implantar um novo sistema de drenagem que vai acabar com o alagamento do terreno
·         Impermeabilizar toda a estrutura e alvenaria.
·         Reformar toda a alvenaria, aplicando-se um reboco para fechar as fissuras e as trincas existentes.
·         Dar novamente um uso ao local, fazendo sempre as manutenções necessárias.



quinta-feira, 8 de outubro de 2015

CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DANIFICADA POR FATORES DETERIORANTES

TRABALHO TÉCNICAS RETROSPECTIVAS

PRISCILA DE PAULA BESERRA

Com a temporada de chuvas, a situação se agrava e muitos podem desmoronar.




Casarão fechado na Rua Direita, em Ouro Preto. Sem restauração, imóvel apresenta trincas e rachaduras.

Mariana e Sabará – Madeiras e telhas seculares, paredes de adobe e conjuntos arquitetônicos preciosos pedem socorro em Minas. Bens tombados de cidades que contam a história do estado e do desenvolvimento do Brasil cedem à ação do tempo e à falta de manutenção e reforma. E têm pela frente mais um desafio. Longe de serem restaurados, precisam vencer a temporada chuvosa, até março de 2015. O problema é que, em parte dos casos, igrejas, casarões, teatros, sobrados e outros imóveis de arquitetura barroca, rococó e neoclássica já beiram o colapso e lutam para não se transformar em ruínas. Levantamento feito pelo Estado de Minas em seis cidades históricas do estado mostra a dimensão do problema. São pelo menos 50 imóveis em estágio de degradação em Sabará, Santa Luzia, Mariana, Ouro Preto, São João del-Rei e Oliveira.
O alento para a situação de abandono que bens tombados enfrentam em Minas só deve vir depois da temporada de chuvas. As obras para restauração de bens em oito municípios contemplados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas estão previstas para ter início em meados de 2015. Serão beneficiadas pelo programa Sabará, Mariana, Ouro Preto, Diamantina, Serro, Congonhas e São João del-Rei, além de Belo Horizonte. Até lá, somente medidas emergenciais serão tomadas.
E, temendo a chuva, órgãos de defesa do patrimônio tentam correr contra o tempo a fim de evitar que construções históricas desabem. Em Sabará, o Ministério Público de Minas Gerais solicitou ao Conselho Municipal de Patrimônio Cultural que nove imóveis fossem vistoriados para análise do estado de conservação. Na lista, que inclui capelas, igrejas, casas particulares e prédios públicos, chama atenção o risco estrutural da sede da prefeitura. Pelo laudo da Defesa Civil Municipal, o casarão, construído em 1773, na Rua Dom Pedro II, no Centro, apresenta fissuras e trincas que aumentam a olhos vistos nas paredes de adobe, afundamento do teto do primeiro andar por excesso de peso do nível superior, goteiras, infiltrações e risco de acidentes por expansão não planejada da rede elétrica.
Em laudo elaborado em 29 de setembro, a Defesa Civil atestou que o imóvel põe em risco a integridade física dos funcionários e visitantes e deve ser desocupado. Até agora, 50% dos serviços municipais já foram transferidos.

Igreja sem teto
 Em Mariana, há cerca de três meses, parte do teto da torre direita da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, no distrito de Camargos, caiu e um buraco expõe as paredes à água da chuva. Assim como outras matrizes do município de Mariana, datadas dos séculos 18 e 19, o templo está bastante danificado. De acordo com a chefe do escritório técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) de Mariana, Isabel Niconielo, o órgão emitirá um parecer à paróquia para que seja providenciada cobertura com lona, por causa do período chuvoso.
Na sede do município, a Casa do Conde de Assumar já viu suas paredes de adobe trincarem e até mesmo desmoronarem por falta de manutenção. O telhado está cedendo e o piso de madeira, praticamente destruído. Há um ano, o Ministério Público Federal em Minas Gerais (MPF/MG, recomendou à prefeitura a elaboração de um projeto para obras emergenciais, com execução imediata. Mas o imóvel está em avançado estágio de degradação.


Donos de prédios tombados não preservam o bem histórico; ministério público quer punição.

Alguns proprietários chegam a acelerar a destruição do imóvel. Grande parte dos casos é alvo de investigação do MP e já se transformou em disputa judicial.

 
Casarão tombado com rachaduras, com descaracterização no telhado e em uma das portas.
Ouro Preto – Eles eram parte da história de Minas, mas ficaram tanto tempo abandonados que não resistiram. Imóveis tombados foram demolidos por causa da inércia de seus donos em preservá-los. Muitos, segundo autoridades ligadas ao patrimônio, foram mantidos com portas e janelas abertas para se deteriorarem a ponto de apresentar risco à comunidade e terem a derrubada autorizada pela Justiça.
“Apesar do rico patrimônio que o estado tem, há casos graves de abandono e até mesmo perdas consumadas”, afirma o promotor de Justiça Marcos Paulo de Souza Miranda, da Promotoria de Patrimônio Público de Minas Gerais. Segundo ele, grande parte dos casos é alvo de investigação do órgão e já se transformou em disputa judicial.
Em Ouro Preto há muito exemplos desse descaso. Mais de 100 herdeiros do Casarão do Vira Saia já declararam não ter condições de restaurar o imóvel do século 18, na Rua Santa Efigênia. Por isso, a casa que abrigou o negociante Antônio Francisco Alves, que atendia as tropas vindas do Rio de Janeiro, está em completo estado de declínio, com paredes e parte do telhado destruídos.
Segundo o promotor Domingos Ventura de Miranda Júnior, da 4ª Promotoria de Justiça, “a responsabilidade pela preservação do imóvel é dos proprietários, mas também do Município de Ouro Preto”. Ainda segundo ele, caso a inércia no processo de restauro permaneça, serão adotadas providências judiciais necessárias contra os responsáveis pela proteção do imóvel.
Outro caso clássico de abandono de imóveis tombados em Minas ocorreu em Oliveira, na Região Central, onde um dos mais importantes bens culturais foi vencido por máquinas e retroescavadeiras. Depois de muitos anos sem restauração e em situação de risco de desmoronamento, o Casarão da Figuinha, cuja construção, presume-se, é da segunda metade do século 19, foi demolido em agosto. “Falta educação patrimonial. Muita gente entende que patrimônio é coisa de poeta e de saudosistas, mas é a historia que está contada nesses bens. Oliveira tem um acervo riquíssimo, que está se perdendo por falta de cuidado e preservação”, afirma o arquiteto e ex-secretário de Cultura da cidade, Heraldo Laranjo. Ele diz ainda que, por abandono, outros dois casarões viraram ruínas. Na cidade, também é motivo de discordância o recente tombamento do centro histórico.
Casarões no chão – São João del-Rei, no Campo das Vertentes, também experimentou a decadência de bens tombados. De acordo com promotor Antônio Pedro da Silva Melo, da 1ª Promotoria de Justiça, o caso mais emblemático de descaso com a história na cidade foi a demolição de dois casarões no entorno da Igreja de São Francisco de Assis. “As casas, centenárias, faziam parte do acervo do tombamento da igreja e estavam proibidas de passarem por qualquer intervenção não autorizada. Mesmo assim, os proprietários ignoraram a recomendação e derrubaram os imóveis”, contou o promotor.
Além do pedido de ressarcimento de danos no valor de R$ 4 milhões, a Justiça proibiu que qualquer edificação fosse erguida no local até que se decida quais providências definitivas serão tomadas, segundo o promotor. Ainda de acordo com Antônio Pedro, outros imóveis estão em mau estado de conservação na cidade. Na lista, ele destaca o sobrado do Barão de São João del Rei, que hoje tem problemas na estrutura das paredes, com trincas e infiltrações, além de danos no telhado. “De modo geral, os bens abandonados são fruto de herança de família e não há interesse ou dinheiro para restauração”, explica o promotor.
Dinheiro para preservar passado
Recursos do PAC Cidades Históricas em Minas
» Mariana – 67,2 milhões
» São João del Rei – 41,4 milhões
» Ouro Preto – 36,4 milhões
» Diamantina – 29,2 milhões
» Congonhas – 25 milhões
» Serro – 22,3 milhões
» Sabará – 18,5 milhões
» Belo Horizonte – 16,7 milhões
Total: R$ 257,1 milhões
Imóveis em risco
Sabará (9)
» Igreja de Nossa Senhora da Conceição
» Igreja de Nossa Senhora do Ó
» Igreja de Santana do Arraial Velho
» Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção, no distrito de Ravena
» Igreja do Rosário
» Capela do Senhor Bom Jesus
» Teatro Municipal
» Casarão sede da Prefeitura Municipal
» Residência situada na Rua Comendador Viana
Mariana (20)
» Catedral da Sé
» Casa Captular
» Igreja de São Francisco de Assis
» Casa do Conde de Assumar
» Casarão dos Morais
» Capela de Santo Antônio
» Largo de Santo Antônio
» Capela de Nossa Senhora da Boa Morte
» Centro Cultural do CHS da UFOP
» Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos
» Casa de Câmara e Cadeia
» Sobrado da Rua Direita
» Prefeitura Municipal
» Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Camargos
» Igreja de São Caetano de Monsenhor Horta
» Igreja Matriz Bom Jesus do Monte de Furquim
» Igreja de Nossa Senhora das Mercês
» Capela de Nossa Senhora Rainha dos Anjos da Arquiconfraria
» Igreja de Nossa Senhora do Rosário no distrito de Santa Rita Durão
» Casa com Rótulas no distrito de Santa Rita Durão
Santa Luzia (10)
» Altar da Igreja Matriz de Santa Luzia
» Clube Social Luziense
» Igreja do Rosário
» Imóvel Residencial na Rua Silva Jardim, 120 – Centro
» Teatro Municipal Antônio Roberto de Almeida
» Mosteiro Nossa Senhora de Macaúbas
» Solar Teixeira da Costa
» Conjunto Residencial sito na Praça Presidente Vargas – “Casa Tófani”
» Estação Ferroviária
» Teatro de Curral de Taquaraçu de Baixo
Ouro Preto (3)
» Igreja do Senhor Bom Jesus do Matosinhos
» Paço da Misericórdia
» Casarão do Vira Saia
São João del-Rei (2)
» Sobrado do Barão de São João del-Rei
» Hotel Sinhá Batista
Oliveira (6)
» Sobradão do Leite na Rua Duque de Caxias
» Antigo Hotel Colonial na Praça XV
» Palacete das Águias
» Ruínas do Casarão da Família de Carlos Chagas
» Ruínas do Casarão da Figuinha
» Casa de fachada neoclássica na Praça XV, número 138

Burocracia empaca liberação de verbas para restaurar bens protegidos
Mesmo considerado o maior programa para restauro de bens protegidos que Minas já recebeu, gestores públicos ligados à conservação do patrimônio que vai passar por obras criticam a burocracia e lentidão para repasses dos recursos do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) Cidades Históricas. Morosidade que, segundo eles, piora a situação do patrimônio. O programa, lançado no ano passado, prevê investimento de R$ 257,1 milhões até o ano que vem (ver quadro). Mas, de acordo com o Portal do Orçamento Siga Brasil, apenas R$ 25 milhões, da dotação inicial de R$ 165 milhões prevista para 2014, já foram gastos.
Serão beneficiadas Sabará, Mariana, Ouro Preto, Diamantina, Serro, Congonhas, São João del-Rei, além de Belo Horizonte. Santa Luzia e outras cidades coloniais mineiras ficaram fora da lista de municípios atendidos pelo programa. Na avaliação da secretária de Obras de Mariana, Fátima Guido, os trâmites para liberação de verbas são demorados. “Tem muita burocracia. Sem recursos e sem manutenção, o patrimônio chegou em situação crítica”, afirma a secretária, lembrando que a prefeitura fez obras em diversos monumentos religiosos, “mas com limitações orçamentárias”, explica.
De acordo com a superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Michele Arroyo, os projetos do PAC estão sendo elaborados e muitos se encontram em fase de contratação de obras. As intervenções, segundo ela, estão previstas para meados do primeiro semestre. Ela afirma que o processo não foi lento e sim criterioso. “Não acredito que os recursos demoraram a sair. Trata-se de dinheiro público, cuja liberação é definida por padrões que exigem transparência e segurança”.
Michele destaca que os projetos e planilhas devem ser bem feitos e detalhados para aprovação e acentua a limitação de pessoal do corpo técnico das prefeituras para elaborar os planos de restauro. Michele afirma que há pontos positivos no PAC. “Além de ser o maior programa de restauração do patrimônio, é uma política pública consolidada”, diz. Mas alerta: “A restauração deve ser a última opção. Temos um patrimônio enorme e muito rico, que precisa de manutenção. Cuidar dos bens preventivamente evita gastos exorbitantes com obras de reparo”, afirma.
Força-tarefa
Trabalhando em conjunto, técnicos do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) e equipes municipais de Defesa Civil vistoriam e fazem escoramento preventivo de imóveis históricos sob ameaça de desmoronamento, como o esforço emergencial feito na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção, no distrito de Ravena, em Sabará. Além disso, o Iepha está apto a atender imprevistos e fazer ações corretivas para proteger esses bens tombados. Donos de imóveis tombados, responsáveis pela manutenção e integridade do patrimônio, podem pedir auxílio do Iepha caso precisem de assistência técnica e orientação.
Identificação das patologias:
Identificamos vários tipos de patologias nas imagens desses Casarões em Ouro Preto como trincas, rachaduras, descaracterização no telhado e em uma das portas e janelas.
Essas patologias não ocorreram somente pelos fatores deteriorantes, mas no caso desses casarões ocorreram pela falta dos proprietários das edificações não preservarem o bem histórico que possuem.
Propostas de soluções aos danos causados:
As propostas de soluções aos danos causados são chamar um engenheiro, profissional da área, para analisar essas trincas e rachaduras, a mais preocupante são as trincas inclinadas nas paredes, como ocorreu nesse casarão mostrado na primeira imagem, geralmente o caso é grave, podem ser provocadas por recalque.
Um dos lados da fundação não aguentou ou não esta aguentando o peso e afundou ou esta afundando.
A visita do engenheiro tem que ser o mais rápido possível, ainda com a temporada de chuvas a situação se agrava, podendo ate desmoronar.
Outra proposta de solução depois dessa analise do engenheiro, propor restauro na edificação.

Como sabemos que o casarão é tombado podemos propor apenas o restauro pois todo bem tombado não pode ser modificado apenas restaurado e por pessoas que são capacitadas, que sabem fazer esses restauros.

A MADEIRA E SUAS PATOLOGIAS Estudo de caso: Igreja Nossa Senhora das Mercês, Itapipoca- CE

TRABALHO DE TÉCNICAS RETROSPECTIVAS

Menandro Alisson Sales Rodrigues e Juscelino Chaves Sales
João Pessoa- PB (Brasil), 5 de junho de 2013.

RESUMO

Este trabalho visa identificar e caracterizar inúmeras patologias que podem surgir na madeira, considerando-a elemento estrutural. Tendo ainda o objetivo de destacar vantagens e desvantagens de se utilizar a madeira como material de construção, buscar medidas preventivas quanto à ação de agentes patológicos e ressaltar a importância da utilização da madeira como elemento estrutural na construção civil. Foi desenvolvido um estudo de caso com o intuito de demonstrar através de fotografias as principais patologias ocasionadas devido à falta de manutenção de estruturas de madeiras. Foram feitas visitas in loco a Catedral Nossa Senhora das Mercês localizada no município de Itapipoca, CE, e constatado que a estrutura estava comprometida e, devido à falta de conservação e manutenção, padecia de patologias sendo considerável a necessidade de uma reforma global de sua superestrutura.

ESTUDO DE CASO

Este estudo foi realizado na cidade de Itapipoca/ Ceará, durante o período de outubro a dezembro de 2011. A igreja Nossa Senhora das Mercês está localizada na Av. Duque de Caxias, nº 337, centro, na praça Dr. Perilo Teixeira. Realizaram-se algumas visitas técnicas e se constatou que a cobertura da igreja padecia de patologias que comprometiam a sua função estrutural.
A figura 02 apresenta uma visão geral da localização da Igreja Nossa Senhora das Mercês na Praça Dr. Perilo Teixeira.


Localizada na sede do município de Itapipoca, sua construção de estilo barroco teve inicio em 1881 pelo então responsável Monsenhor Antero José de Lima e parcialmente terminada em 1887 pelo Frei Cassiano e Camachio. É uma das mais belas e importantes obras de Patrimônio Histórico e Cultural da cidade e tem capacidade para abrigar 1800 pessoas em seu interior (Firmino, 2008).
As figuras 03 e 04 apresentam a localização da igreja na Praça Dr. Perilo Teixeira e a sua fachada, respectivamente.


A situação em que se encontra a Catedral Nossa Senhora das Mercês antes, durante e pós reforma, podemos ver a seguir.


A partir da figura 05 temos a noção de como se encontrava o telhado da igreja, apresentava um aspecto de coloração escura devido à poluição e umidade constante. A figura 06, por sua vez, demonstra o comprometimento do madeiramento da estrutura.
As figuras 07 e 08 exibem os caibros avariados ao longo de sua estrutura, deterioradas principalmente pela infestação de térmitas.
 As figuras 09 e 10 apresentam uma viga de madeira que entrou em colapso, devido ao contato com água de goteiras, esta viga produziu um ambiente favorável ao surgimento de fungos.

Através das figuras 11 e 12 podemos observar as galerias formadas por térmitas ao longo da estrutura de madeira.

 As figuras 13 e 14 exibem o grau de determinação da madeira que está muito avançado, apresentando um aspecto descascado por conta do ataque de agentes xilófagos.
 Na figura 15 a estrutura não apresentava a mesma resistência inicial, ficou comprometida devido aos cupins se alimentarem de nutrientes da madeira e acabou se rompendo.


A partir da figura 16 podemos perceber o estrago na viga devido a peça estar em contato com agua em local pouco arejado, os fungos de putrefação afetaram a capacidade mecânica da madeira destruindo a estrutura de suas fibras.

Na figura 17 vemos a estrutura com uma significativa alteração na sua coloração devida a uma ação de fotodegradação. A figura 18 apresenta como a estrutura da cobertura era disposta com a fixação do espigão e das terças na parede da torre da Igreja.


As figuras 19 e 20 apresentam o estoque do madeiramento que foi utilizado na reposição da estrutura de madeira do telhado da igreja.


A figura 21, por sua vez, exibe o operário fazendo a reposição dos caibros, a partir dai a estrutura vai começando a adquirir um aspecto renovado. A figura 22 mostra uma viga sendo apoiada na parede, com boa parte do madeiramento já substituído.



Na figura 23 exibe uma serie de vigas que foram substituídas, lembrando que nem todas foram trocadas, pois algumas foram aproveitadas. A partir da figura 24 percebemos que foi utilizado óleo queimado na viga como uma medida preventiva contra o ataque de insetos xilófagos.



As rachaduras na parte superior, onde incidiam fissuras internas aparentes na nave da igreja, foram ocasionadas pela inexistência de argamassa de preenchimento de alvenaria, carreada por meio da ação de aguas pluviais em locais onde as telhas tinham escorregado, foram sanadas com o preenchimento de nova argamassa em ponto central das paredes de forro.
As madeiras de apoio localizadas tanto no forro com na nave, com a presença de depredações foram substituídas, por novas peças (madeira de lei), inclusive houve serviço de demolição em topo de parede, onde ocorria deslizamento de telhas. As peças de apoio estrutural em madeira localizadas dentro das alvenarias receberam pintura com óleo queimado, como proteção contra praga urbana (cupins). Houve serviços de reforma das calhas pluviais, dando uma maior vazão e com isso escoamento mais rápido. No período dos serviços de desmonte da coberta, não foram encontrados focos de cupins vivos.
As madeiras não estruturais (barrote, ripa) foram totalmente substituídas e presas com prego caibral, por meio de furadeira, afim de não rachar a madeira caso fosse realizado com martelo. As telhas tipo colonial, também foram totalmente substituídas por telhas cerâmicas tipo francesa com esbarro, onde antes do retalhamento, foram embebidas com aditivo impermeabilizante, prevenindo assim o aparecimento de lodo. Foram instaladas luminárias sobre o forro, com o intuito de proteção contra morcegos.

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