quinta-feira, 8 de outubro de 2015

A MADEIRA E SUAS PATOLOGIAS Estudo de caso: Igreja Nossa Senhora das Mercês, Itapipoca- CE

TRABALHO DE TÉCNICAS RETROSPECTIVAS

Menandro Alisson Sales Rodrigues e Juscelino Chaves Sales
João Pessoa- PB (Brasil), 5 de junho de 2013.

RESUMO

Este trabalho visa identificar e caracterizar inúmeras patologias que podem surgir na madeira, considerando-a elemento estrutural. Tendo ainda o objetivo de destacar vantagens e desvantagens de se utilizar a madeira como material de construção, buscar medidas preventivas quanto à ação de agentes patológicos e ressaltar a importância da utilização da madeira como elemento estrutural na construção civil. Foi desenvolvido um estudo de caso com o intuito de demonstrar através de fotografias as principais patologias ocasionadas devido à falta de manutenção de estruturas de madeiras. Foram feitas visitas in loco a Catedral Nossa Senhora das Mercês localizada no município de Itapipoca, CE, e constatado que a estrutura estava comprometida e, devido à falta de conservação e manutenção, padecia de patologias sendo considerável a necessidade de uma reforma global de sua superestrutura.

ESTUDO DE CASO

Este estudo foi realizado na cidade de Itapipoca/ Ceará, durante o período de outubro a dezembro de 2011. A igreja Nossa Senhora das Mercês está localizada na Av. Duque de Caxias, nº 337, centro, na praça Dr. Perilo Teixeira. Realizaram-se algumas visitas técnicas e se constatou que a cobertura da igreja padecia de patologias que comprometiam a sua função estrutural.
A figura 02 apresenta uma visão geral da localização da Igreja Nossa Senhora das Mercês na Praça Dr. Perilo Teixeira.


Localizada na sede do município de Itapipoca, sua construção de estilo barroco teve inicio em 1881 pelo então responsável Monsenhor Antero José de Lima e parcialmente terminada em 1887 pelo Frei Cassiano e Camachio. É uma das mais belas e importantes obras de Patrimônio Histórico e Cultural da cidade e tem capacidade para abrigar 1800 pessoas em seu interior (Firmino, 2008).
As figuras 03 e 04 apresentam a localização da igreja na Praça Dr. Perilo Teixeira e a sua fachada, respectivamente.


A situação em que se encontra a Catedral Nossa Senhora das Mercês antes, durante e pós reforma, podemos ver a seguir.


A partir da figura 05 temos a noção de como se encontrava o telhado da igreja, apresentava um aspecto de coloração escura devido à poluição e umidade constante. A figura 06, por sua vez, demonstra o comprometimento do madeiramento da estrutura.
As figuras 07 e 08 exibem os caibros avariados ao longo de sua estrutura, deterioradas principalmente pela infestação de térmitas.
 As figuras 09 e 10 apresentam uma viga de madeira que entrou em colapso, devido ao contato com água de goteiras, esta viga produziu um ambiente favorável ao surgimento de fungos.

Através das figuras 11 e 12 podemos observar as galerias formadas por térmitas ao longo da estrutura de madeira.

 As figuras 13 e 14 exibem o grau de determinação da madeira que está muito avançado, apresentando um aspecto descascado por conta do ataque de agentes xilófagos.
 Na figura 15 a estrutura não apresentava a mesma resistência inicial, ficou comprometida devido aos cupins se alimentarem de nutrientes da madeira e acabou se rompendo.


A partir da figura 16 podemos perceber o estrago na viga devido a peça estar em contato com agua em local pouco arejado, os fungos de putrefação afetaram a capacidade mecânica da madeira destruindo a estrutura de suas fibras.

Na figura 17 vemos a estrutura com uma significativa alteração na sua coloração devida a uma ação de fotodegradação. A figura 18 apresenta como a estrutura da cobertura era disposta com a fixação do espigão e das terças na parede da torre da Igreja.


As figuras 19 e 20 apresentam o estoque do madeiramento que foi utilizado na reposição da estrutura de madeira do telhado da igreja.


A figura 21, por sua vez, exibe o operário fazendo a reposição dos caibros, a partir dai a estrutura vai começando a adquirir um aspecto renovado. A figura 22 mostra uma viga sendo apoiada na parede, com boa parte do madeiramento já substituído.



Na figura 23 exibe uma serie de vigas que foram substituídas, lembrando que nem todas foram trocadas, pois algumas foram aproveitadas. A partir da figura 24 percebemos que foi utilizado óleo queimado na viga como uma medida preventiva contra o ataque de insetos xilófagos.



As rachaduras na parte superior, onde incidiam fissuras internas aparentes na nave da igreja, foram ocasionadas pela inexistência de argamassa de preenchimento de alvenaria, carreada por meio da ação de aguas pluviais em locais onde as telhas tinham escorregado, foram sanadas com o preenchimento de nova argamassa em ponto central das paredes de forro.
As madeiras de apoio localizadas tanto no forro com na nave, com a presença de depredações foram substituídas, por novas peças (madeira de lei), inclusive houve serviço de demolição em topo de parede, onde ocorria deslizamento de telhas. As peças de apoio estrutural em madeira localizadas dentro das alvenarias receberam pintura com óleo queimado, como proteção contra praga urbana (cupins). Houve serviços de reforma das calhas pluviais, dando uma maior vazão e com isso escoamento mais rápido. No período dos serviços de desmonte da coberta, não foram encontrados focos de cupins vivos.
As madeiras não estruturais (barrote, ripa) foram totalmente substituídas e presas com prego caibral, por meio de furadeira, afim de não rachar a madeira caso fosse realizado com martelo. As telhas tipo colonial, também foram totalmente substituídas por telhas cerâmicas tipo francesa com esbarro, onde antes do retalhamento, foram embebidas com aditivo impermeabilizante, prevenindo assim o aparecimento de lodo. Foram instaladas luminárias sobre o forro, com o intuito de proteção contra morcegos.

Link para acesso ao artigo completo: http://www.casadagua.com/wp-content/uploads/2014/02/A1_170.pdf

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